sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Não posso mais viver sem mim


Crescer dá trabalho. Não falo só do óbvio: um dia você é um serzinho bicelular na barriga da sua mãe e coisa de nove meses depois... Puf, nasceu! Tem até unhas e cabelo (alguns). Isso acontece toda hora! Agora mesmo está nascendo um nenê! Respira fundo... Respirou? Então, nesse meio tempo, nasceu mais um.

Só que nascer e crescer assim – para cima (e para os lados também, infelizmente!) – é até fácil. Depende SÓ de hormônios e comida e nutrientes e água e sol e segurança e de carinho e de mais um tanto de coisas. Tudo bem que há muitos milhares de anos isso acontece e a gente ainda olha para mini pessoas e se pergunta: como pode? Daí, alguém fala: “isso é mesmo coisa de Deus”. “Ah tááá, ufa!” - você responde. Porque aprendeu a acreditar n´Ele sem questionar. Ou talvez porque pensar nisso é ainda mais complicado do que entender como um dia seus pais estavam lá, digamos, se divertindo e, de repente, você nasceu.

Mas eu não estou aqui para falar de coisas simples de entender como nascimentos, hormônios, sexo e Deus. Estou falando de um crescer que não se mede com a fita métrica. É muito mais complexo. É aquilo que não pára nunca e que pode também ser chamado de amadurecimento. É o que te faz fazer uma merda enorme aos 15 anos e olhar hoje uma adolescente fazendo a mesma coisa e pensar: caraca, que merda! Só que lá atrás, quando sua mãe surtou, você pensou: ah, não enche!

Amadurecer é também reconhecer algumas coisas feias e tristes e lutar contra elas. Normalmente dói mais do que aquela dorzinha que temos nas pernas quando somos crianças e nossas mães explicam que é porque estamos crescendo. Dói mais do que olhar no espelho e ver uma estria nova porque ela, a sua bunda, está crescendo. Amadurecer dói mais porque depende de um olhar crítico sobre nós mesmos e fica lá incomodando até você resolver tomar uma atitude.

Hipoteticamente, só pra dar um exemplo fictício, amadurecer pode acontecer assim: a pessoa está lá, “namorando”. Ou, pelo menos acredita nisso. Como só pensa no outro, só beija este mesmo outro, só planeja construir uma casa e juntar seus óvulos (ou espermatozóides) ao espermatozóide (ou óvulo) do “disinfeliz”, ela acredita que sim, existe uma relação.

Mas num belo - ou horroroso dia - o que é mais provável, a pessoa se toca, né? E, finalmente acorda. “Não, eu não tenho uma relação Só uma idéia e um eleito, mas isso não faz de mim uma pessoa à beira do altar”. E chora. E briga. E chuta o cachorro. E fica de mal do mundo e dos amigos. E hiberna por uns dias. Ou vários. Mas quando acorda, levante, sacode a poeira e se mexe, ela percebe que enfim cresceu. Ou melhor, amadureceu.

E se sentindo assim, enorme, ela toma atitudes. E arruma o cabelo. E liga pros amigos. E escreve mais. E paquera. E vai ao cinema, ao teatro, a festas e aonde mais ela quiser. E então, ela se apaixona de novo! “Mas assim, tão rápido?”, você se pergunta querido e cuidadoso leitor. SIM! Ela já está apaixonada de novo! Por si mesma :D

Ela até se espanta por não ficar mais em casa. E mal sabe se a Flora já se deu mal, se o Obama vai ganhar nos EUA ou se o time do coração jogou ontem à noite, porque a vida dela agora é mais interessante e seu mundo maior do que o sofá da sala.

Ela amadureceu. E faz uma prece para que Ele (Deus ou o Big Bang, tanto faz), benza e conserve.

Amém.
Oxalá.
E Shalom.
Pra garantir.

Amadurecer também pode ser enfrentar dragões ou o bicho papão.
Pode ser ainda deixar o guarda chuva em casa e aliviar o peso. Da bolsa ou da própria vida.
Amadurecer pode ser subir a ponte estaiada sorrindo. Pode ser tudo isso.
E mais um monte de coisas que só você pode entender.

Ou, no sentido mais literal da palavra, amadurecer pode ser deixar de ser filha para se tornar a mãe. Amanhã eu vou ver isso acontecer bem de perto.
E estou feliz. Porque a vida renasce, recomeça e se refaz o tempo todo.
Em todos os sentidos. Figurados e literais.

11 comentários:

Renata Marques disse...

Nossa, que texto lindo e bem escrito. Hj é mesmo dia de eu chorar.

Sabe o que é legal tb no amadurecimento? Quando no meio dele nos damos conta de que estamos nesse processo e sentimos orgulho por nós mesmos, como vc percebeu agora. É, orgulhe-se! Vc é uma grande mulher.

Bjos.

Jurnalista disse...

Dani,
quanta falta sua literária escrita faz aos leitores de tantos cantos. Espero, do fundo do coração, que tenhamos logo o prazer de saborear esse tempero de letrinhas, tão bem dosado por você.
Este seu texto só prova o quanto o amadurecimento, fruto das experiências pessoais, tem reflexos em todos os aspectos. Muito axé pra você. Minha reza já está mais que garantida!
BeiJus,
Ju

Anônimo disse...

Dani, comentar esse texto é cair na mesmice....tenho muito orgulho de saber que nasceu de mim, e que mesmo assim escreve tão bem.....(vc sabe que infelizmente nunca gostei de lêr), e até nisso é bom vc escrever, leio mais.....
vc sabe o que penso filha.....
é bom saber que vc está assim tão bem...que realmente deixou o "sofá" por programas melhores...

Beijos

Anônimo disse...

Oi Da,
Lindo texto. Vc ficou mto tempo parada, mas não 'enferrujou' nem um pouquinho, parabéns.
bjo
Otinho

Anônimo disse...

A vida nos ensina tudo o precisamos aprender, pode ser pelo sofrimento ou pela alegria, não importa seus "meios", cabe a cada um de nós prestar atenção nela e encarar de frente, sem se esconder atrás dos seus medos...

Ah!!! A Flora ta matando Deus e o mundo... O Obama esta 9% na frente do outro lá... o São Paulo só joga fim de semana com o Cruzeiro...


Créu!!!

Anônimo disse...

Só pode ter sido ele!!! (E eu espero que tenha sido mesmo! rs)

Adorei o texto!! Vc é "FANTÁSTICAMENTE BOA" !!

Bejo!

Dani Marques disse...

Rê,

Não chora não... Sooooorriiiiiiiiiaaaaaaa, meu bem!
Eu sou uma grande mulher mesmo, inspirada por outras igualmente interessantes ;)

Jú,
Obrigada por ter atendido ao meu convite e ter vindo aqui me ler :) Por favor, volte sempre! heheh
Quanto ao meu texto, esses elogios vindos de você me deixam mesmo mto orgulhosa! Tô me achando! :)

Mã,
Você me inspira também. A escrever e a viver. Quanto ao sofá. Sempre que possível (como ontem) vou te arrastar dele comigo :D

Tico,
Obrigada "imão" :D
Volte sempre e chame os amigos. hehe

Homem Melancia,
Fiquei passada! Não fosse pelo "créu", jamais saberia quem é você!
Adorei suas palavras e seu sempre soube que você era mesmo muito sensível, quase gay :D
Obrigada, primo! Vc sabe o quanto eu te (me) amo!

Mulher do Homem Melancia,
Ele aprendeu alguma coisa com você, hein?
E o fantasticamente, me animou :D
Obrigaaaadaaaaaaaa e Deus benza seu petit gateau!

Beijim a todos

Luciano Lazo disse...

legal dani, parabens pelo texto.

bjs

Anônimo disse...

Dani!!!
Seja bem vinda de volta, fez uma tremenda falta!
Ótimas vibrações e inspirações pra você.
Bj do Sall!
.

Dani Marques disse...

Lú!
Foi uma história de amor e superação que você conhece muito bem que me inspiraram :)

Sall,
Adorei sua "visita" por aqui.
Muito obrigada!

Beijos
Dani

Dri disse...

Xiii...eu estava por fora...só vi este texto hoje...sorry...
Parabéns Dã!!
É isso aí...Vivendo e "amadurecendo"...rs...
Beijos!!
Adri