A Sorte e a Rosa

A joaninha vermelha com bolinhas pretas tatuada no meu pulso está pronta para partir. A qualquer momento! Dizem que elas – as joaninhas – dão sorte. Quis as asas abertas parar lembrar sempre que ela – a sorte – é assim mesmo: pode voar.

Contei isso quando nos encontramos de propósito pela primeira vez pouco mais de uma semana depois daquela noite quando, sem querer, nós nos achamos no escuro.

Com pouca luz você pensou que eu fosse ruiva e eu, deveria ter visto que dali em diante eu teria outras palavras e cores e cheiros e sensações nos meus dias.

Ainda sem ter me visto nos seus olhos, fui abordada por uma mulher vendendo flores que, para mim, lembrava uma cigana dessas que lêem a sorte:
_ Me diz quem é seu namorado que eu falo para ele te comprar uma rosa.
_ Eu não tenho namorado! Estou sozinha, respondi meio irritada.

Ainda me afastava dela quando você me parou. Nos falamos por alguns instantes naquela noite e por muitos e encantadores e-mails nos dias seguintes. Até que eu te apresentei a minha joaninha.

Você que me disse não ver uma daquelas desde criança, contou que na tarde após esse encontro, uma dessas bem vermelha e com pintinhas pretas pousou no seu braço!

Essa, sem dúvida, é uma das coisas que não dá para entender. Mais difícil ainda é explicar porque eu fico tão feliz quando me encontro aí dentro dos seus olhos. E, se ainda outro dia ignorávamos a existência um do outro, como pode você chegar na minha porta trazendo rosas ainda mais bonitas do que aquelas que a "cigana" vendia?

Se hoje ela me abordasse, eu provavelmente diria não ter namorado, porque ainda estamos nos descobrindo. Mas certamente, não me sinto mais sozinha.

Sorte nossa!