quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Ê parrê

Um dia eu paro no Tarô!, ela dizia. E compro um livro de I-ching e tomo banho de descarrego e viajo pra Araçatuba pra falar com a Dona Teresinha e subo a escadaria da Penha de joelhos. Pensava nisso tudo quando desejava algo que até mesmo pra ela era distante demais. Ganhar uma promoção da noite pro dia que lhe dobrasse o salário, perder quilos sem abandonar o Petit Gateau, acertar seis números, receber um telefonema no meio da noite chuvosa. Ah! Se isso acontecer, vou pra Aparecida a pé no dia da Santa, prometia.

Mas na verdade, ela era meio cética. Ou melhor, acreditava em tudo e ao mesmo tempo em quase nada. Era teimosa, sabe? Quando cismava com uma coisa, nem Deus em pessoa poderia fazê-la desistir.

Mesmo assim, era do tipo curiosa. Lia três ou quatro horóscopos por dia. E perguntava coisas pros oráculos da Internet. E meio que boicotava aqueles que “diziam” coisas que ela não queria “ouvir”. Se a resposta fosse diferente da que esperava, nunca mais voltava naquele site. E ia procurando, procurando, procurando até achar: “Sim, sim!! Vocês são almas gêmeas”, ou algo do tipo.

Até que um dia, ela resolver conferir ao vivo. De repente, no mundo real, o contato com os astros seja mais confiável! - imaginava. Duvido que esses oráculos usem mesmo a Internet. É isso mesmo. Vou no Tarô de verdade pra ver como é.

E foi. E ficou confusa. E saiu cantando Chico Buarque... “Mas se a ciência provar o contrário... E se o calendário nos contrariar... Mas se o destino insistir em nos separar... Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas, os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos, profetas, sinopses, espelhos, conselhos... Se dane o evangelho e todos os orixás. Serás o meu amor... Serás, amor, a minha paz...".

É, não tinha jeito. Definitivamente era uma cabeça dura e o caso talvez fosse de internação, não de oráculos.

8 comentários:

Anônimo disse...

Eu ja não confiava muito em horóscopos. Agora menos ainda.
Um amigo meu que trabalha de diagramador no jornal daqui me contou que é ele quem escreve (leia-se: inventa) o horóscopo.

Nunca soube do poder místico dos diagramadores.

Anônimo disse...

eh que o maku infelizmente mora numa cidade aonde o jornal eh feito / impresso / entregue por uma única pessoa...

horoscopo existe sim... eh soh ver no cavaleiros do zodiaco para vc ver a força deles...

Anônimo disse...

hahahaha...adorei...é assim mesmo, o ceticismo que não é cético. A vida nem sempre pode ser explicada nos livros e nas fórmulas...
besitos

Anônimo disse...

Uma boa musica para um texto fraco, vc pode mais...

Anônimo disse...

seu blog eh legal, visita o meu =)

Anônimo disse...

Minha filha, cai por acaso na sua pagina e li alguns artigos e identifiquei-me com alguns. Eh no minimo ilario. Vou contar-lhe minha historia para voce entender:
Primeiro: Ja fiz mapa astral, estudei I Ching, li 1000 livros sobre taro e etc, tenho 37 anos.

Quando eu tinha 18 anos comecei a namorar o X, namoramos bem ate os 21 anos, depois ate os 30 ficamos indo e vindo (e eu consultando taro, iching, etc). Ele pediu-me em casamento aos 30 anos, 1 mes depois conheceu outra mulher, ela engravidou e ate que enfim eu disse chega, nunca mais o vi. No periodo em que eu e o X iamos e voltavamos conheci o Y, ele fazia de tudo para mim, nao largava do meu pe, mas nao queria nada comigo. Depois que separei de vez do X, o Y estava passando por problemas e procurou-me, entao durante 5 anos eu fui a melhor amiga dele (doida com ele) e ele nada. Um belo dia quando eu ja nao aguentava mais o Y, o X ligou de Boston (USA), dizendo que gostava muito de mim e se eu queria ir para Boston, resumindo com o tempo passou a dizer que amava-me, que eu era a mulher da vida dele. Bom, sai do meu emprego, durante 1 ano o X sustentou no Brasil, e agora adivinha onde eu estou ? Pois eh Boston. Cheguei a 2 meses, e voce sabe como. Logo quando cheguei comecei a perceber que o X estava me dando " uns perdidos", mas pensei: nao eh possivel. Todos os dias ele sumia 2 horas, inexplicaveis 2 horas, comecei a reparar que ele nao saia do predio. Um dia o carro dele estragou e ele apareceu com um outro carro que disse ser de um amigo. Na semana seguinte eu vejo a vizinha (parede com parede) com o carro, essa mesma vizinha ja tinha abordado-me na piscina do predio puxou conversa, estava chorando porque tinha separado do marido. Entao ele nao teve saida e contou-me que os dois tiveram um caso, bla...bla...bla. Minha amiga, fechei o cerco, comecamos a brigar, e em uma das brigas ele nao dormiu em casa. Resumindo mais uma vez. Hoje estou em Boston sozinha,nos separamos, sem emprego e ele nao dorme mais em casa, vem aqui uma vez por dia. Nao conhece ninguem. Ele esta ajudando-me a encontrar emprego. Contou-me que pediu dinheiro para minha mae para pagar a travessia (R$20.000,00). E eu achando que ele tinha pago. Eh mole!!!
Aonde o ser humano pode chegar!
E eu consultando I Ching, taro e etc

Anônimo disse...

Muitop bom o texto. Adorei. Eu que to precisando de um banho de descarrego.

Dani Marques disse...

Ronzi, eu acho que mais do quem banho de descarrego, o que precisamos de vez em qdo é de um banho de realidade, sabe? Porque algumas vezes, não vemos o que é claro por acreditarmos mais na fantasia...
Obrigada por ler e pelo comentário...
Volte sempre ;)