quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Quem é você?

E então é dezembro. Sim. É um clichê. Mas eu vou dizer assim mesmo: o tempo voa. Ainda outro dia, estava comendo Rabanadas da Rê. Já se vai um ano. E além de querer provar novamente o quitute natalino preparado pela minha irmã, milhares de outras coisas aconteceram. No mundo (mas isso é assunto para a Retrospectiva 2008) e comigo.

E então eu tenho 32 (quase). Sim. É um clichê. Mas eu vou dizer assim mesmo e novamente: o tempo voa. Ainda outro dia eu tinha 10. Lembro perfeitamente (ou quase). E o que aconteceu? Graças a Deus, milhares de coisas. A maior parte delas, muito boa. Outras, nem tanto assim.

Mas, é fato que agora eu sou mais madura. Pelo menos tenho umas ruguinhas. Aqui ó. Perto do olho. E uns cabelos brancos, que escondo com química. Claro que não é só isso. Se tem algo bom em envelhecer, é que junto com a idade, vem também a experiência. Que o diga minha vó de 81 anos. Ela é a pessoa mais sábia que conheço.

Só que, vejam bem: experiência é como uma bicicleta. Não adianta ter se você não usa. E eu falo isso para mim mesma: tanto a bicicleta como minha experiência, às vezes ficam meio esquecidas.

Mas, ao contrário da “magrela”, a experiência está o tempo todo com você. Às vezes, a gente se esquece de usar, é verdade. Mas que está aí, está.

Tenho pensado muito nisso. Carregamos tanta coisa durante a vida e vamos nos transformando. Mas... Será mesmo?

Outro dia quando eu tinha 10, obviamente eu não sabia direito quem seria. É fato que não me preocupava com isso. Mas, guardadas as devidas proporções, 22 anos se passaram e ainda não sei bem quem sou. Ou melhor, sei, mas é que sou tantas, que me confundo. O ideal, talvez, seja dizer quem eu ESTOU.

"A quem interessar possa", ando muito bem. Principalmente, desde que comecei a perceber que isso depende da perspectiva. Encontrei uma amiga que não via há tempos. Ela, toda animada, me perguntou como eu estava:

_ Beemmm!
_ E o trabalho?
_ Ah, larguei! Tava cansada!
_ E o namorado?
_ Xiiii...
_ Hum... Ah, mas e seu apê lindinho?
_ Voltei pra casa dos meus pais.
_ Ah tá... – disse se afastando, meio constrangida.

Se eu estivesse com TPM ou de mal com o mundo, poderia ter me sentido loser no nível máximo. Mas não. Desde aquele dia, eu penso que justamente por não ter nada, posso ter e ser tudo o que quiser.

Em “Se eu fosse eu”, a Clarice Lispector fala dessa sensação curiosa de estranhamento sobre nós mesmos que nos arrebata de vez em quando. Sobre o quanto as circunstâncias, o mundo em que vivemos, nossa casa e tudo mais, o quanto isso determina que não sejamos exatamente o que gostaríamos, mas sim aquele que será aceito.

Portanto, pessoas, eu tenho tentado ser eu. Espero acostumar comigo mesma e fazer da minha biografia um algo muito mais interessante. Eu que queria ser atriz, sou jornalista, quase cientista social. Sou também artesã eventual, fui (quase) dançarina, quis ser massagista, fui e quis ser de novo empresária e umas tantas outras coisas. Mas nunca fui muito o que gostaria de ser. Ou talvez, o que realmente quero ser é tudo isso e mais um pouco. No fundo, no fundo, queria ser cantora (ai, como eu sou confusa). Ah! Isso eu já fui. Por uma noite e por uma música.

Eu prometo (tentar) me comportar, mas, parafraseando Clarice, “acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. (...) Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia.”

Como a autora me provocou, faço o mesmo agora: “Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria?”.

12 comentários:

Angélica Perez disse...

Caramba, Dani! Adorei esse seu texto... li por indicação do Miguel.
Me identifiquei demais... e citar a Clarice foi total covardia com a minha pessoa :-)
Você é sagitariana por acaso?
beijos e até já

Dani Marques disse...

Sim Gel! Até a alma!!!
Obrigada pela visita e volte sempre :)
Clarice é uma coisa, né? Afe!

Beijos
Dani

Fernando disse...

Se eu fosse eu, acho q estaria viajando por aí. Sem rumo, decidindo o destino no caminho dele mesmo.

Mto bom o blog. Sou amigo do Marcus, ele q me indicou.

Beijos e vou continuar lendo mais alguns.

Renata Marques disse...

Se eu fosse eu acho que estaria em uma instituição psiquiátrica...rs

Adorei o texto.

Bjos.

P.s: e se eu resolvesse não fazer rabanadas esse ano? quem seria vc? rs

Geórgia Cavalcante Carvalho disse...

Creio que os sagitarianos são sempre assim, cheios de perguntas e respostas aparentemente simples mas que criam aquele momento de "prender a respiração" por um momento, antes de responder.
.
E sim, todo mundo merece "ser mais o que é", mesmo que isso signifique mudar todos os dias.

Um achado o teu blog. ;-)

Abraços.

Dani Marques disse...

Fernando,

Viajar por aí e sem rumo é um dos meus "planos". Mas acho que só consigo isso quando eu for muito eu mesmo.

Rê,

Se não tem rabanada, não tem natal! Não se atreva! :)

Gardênia,

Eu também adorei o seu blog :)
E confesso que já desejei ser menos sagitariana. Hoje em dia, simplesmente aceito.

Beijos a todos e obrigada...

Anônimo disse...

Salve, Dani! Belo texto, moça!
Esse questionamento sobre quem somos de verdade, só assola àqueles que vivem rodeados de pensamentos, que ampliam seu repertório a todo momento, que vivem de várias formas e quase nunca estão satisfeitos, enfim, uma coisa que não acontece com meros mortais...rs. Se eu fosse eu, sei lá...
Bjs, moça!
Sall

Dani Marques disse...

Sall!

E você viu que o texto faz referência àquela vez que cantei Garganta no bar com vc? :D

Dias felizes!

Beijo e sempre grata pelas palavras e pela visita.

Unknown disse...

Ah Dani!!!
Não sei quem sou hj!!
sou um pouco de mim, dos que conheci ao longo da minha vida e muito do que virá ainda!!
Bja

Dani Marques disse...

Jô,

Você, definitivamente, reúne vários e adoráveis vocêS aí dentro.

:)
Amooo

Antonio Lino disse...

oi dani!
acho um belo pedaço de mim lá na chapada dos veadeiros. me escreve no antoniolinojr arroba hotmail.com que a gente troca umas figurinhas!
bjo!

Anônimo disse...

Se eu fosse eu certamente me amedrontaria. Então fico nesse "não eu" que é mais fácil para viver.
"Ninguém sabe quem eu sou quando rumino" (M.A.)
hehehe!